No volante do ego: como o trânsito escancara o egoísmo humano
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Se você quer testar o caráter de uma pessoa, esqueça essas perguntas filosóficas. Não precisa chamar pra cuidar de bicho ou cuidar de criança, de idoso. Dá um carro pra ela. Com tanque cheio e um dia de pressa. Pronto.
Porque, meu camaradinha, o trânsito é o grande laboratório da convivência moderna. Só que ao invés de experimento civilizatório, virou campo de batalha. E, quer a real? Tá cada vez mais difícil sair ileso e são de uma volta qualquer pela cidade.

A estrada é de todos, mas tem gente que acha que é dono
Vamos direto ao ponto: dirigir devia ser um ato coletivo. Uma espécie de pacto não escrito entre seres humanos que sabem que tão dividindo um espaço. Tipo o combinado no churrasco: cada um leva uma coisa e ninguém monopoliza a churrasqueira.
Mas não. O que a gente vê é o contrário: uma turma que se comporta como se estivesse num reality show de selvageria urbana. E pior, nem é por necessidade. É por ego mesmo.
Quer um exemplo?
Você tá lá, todo pimpão, na via principal. Tudo certo. Aí sai um carro de uma rua lateral e… PÁ! Se enfia na sua frente sem cerimônia. Zero piscada, zero educação, zero tempo de reação. Aí o cara entra e… anda a 20 por hora. Amigo, se tava com tanta pressa assim pra se meter, por que não segue o fluxo? Tá de sacanagem?
A seta é uma lenda urbana? Um acessório caro?
A seta. Ahhh, a seta. Esse item mítico, meio folclórico, que muita gente acha que é opcional, tipo encosto de cabeça. O cidadão tá ali, vai virar numa ruazinha qualquer, mas resolve fazer suspense: para no meio da pista, freia de uma vez, e só depois, às vezes, joga a seta. Brou, isso é trânsito, não é trailer de filme.
E olha que às vezes nem tem seta. A pessoa só vira e pronto. Quem vier atrás que adivinhe, que reze, que medite.
O reinado da faixa errada
E nas estradas, então? Aí a coisa desanda de vez. A faixa da esquerda, que deveria ser pra ultrapassagem ou pra quem anda mais rápido, virou pista de desfile da lentidão. Uma espécie de caminho da contemplação. Gente andando a 60 como se estivesse admirando a paisagem do caminho..
Você vem atrás, dá farol, espera, dá mais farol, e nada. O ser humano segue ali, firme, sem nem pensar em dar passagem. Tipo: “A estrada é minha, e você que lute”.

Cola-traseira e outros psicodramas
Agora, o oposto também existe: o colador de traseira. O cara que gruda no seu carro como se a alma dele estivesse atrelada ao teu para-choque. Farol alto, pressão psicológica, aquela tensão de “vai bater, vai bater”. E quando você dá passagem? Ele não te ultrapassa. Ele só queria te irritar mesmo. É o psicopata da estrada. Um vilão do Tarantino com placa do Detran. Aquele Pateta enlouquecido, atrás do volante, da animação da Disney.
A rua não é vaga, mané!
A galera do “paro onde eu quiser” também merece um troféu. Estão por toda parte. Parando em fila dupla, na esquina, na faixa, no meio da vida alheia. É o tipo de gente que acha que o pisca-alerta transforma qualquer lugar em estacionamento. “Vou só ali comprar uma coxinha”, “vou só descer minha mãe rapidinho”. Mano, a rua é espaço público, não o quintal da tua infância.
Ciclista? Pedreste? Não existem
E aí vem o ponto mais tenso: quem tá fora do carro. Ciclistas e pedestres. A turma que tem o azar de não estar numa cápsula metálica com ar-condicionado. Esses aí viraram obstáculos vivos. Gente que fecha cruzamento ignorando o cara atravessando, ou passa a dois dedos de quem tá de bike, só pra “dar um susto”. A falta de empatia chegou num nível que parece que o outro só existe se for de lata também.
A questão não é direção. É caráter.
O problema não é a pressa. Não é o trânsito. Não é o calor. É o ego.
É o “eu primeiro”. É o “meu tempo vale mais que o seu”. É o “se eu tenho um carro, sou mais importante”. A carteira de motorista virou, pra muita gente, atestado de superioridade social. Só que não, cara-pálida!.
Porque dirigir é, acima de tudo, um exercício de cidadania. É saber que tem alguém vindo atrás. Alguém do lado. Alguém atravessando. Gente. Não NPC de joguinho. Gente mesmo, de carne e osso… e sangue, que se machuca, ou pior.

Conduza-se melhor
No fim, o trânsito é só mais um espelho. E esse reflexo tá cada vez mais feio.
A gente precisa resgatar o básico: o respeito. O tempo do outro. O espaço do outro. A paciência que a gente quer pra gente, oferecer também. Parece papo bicho-grilo? De tiozinho chato? Pode até ser. Mas o que tá rolando hoje é papo de sociopata.
Então, se você dirige, se liga: o carro é extensão do teu comportamento. Não deixa que ele revele o pior de você. Porque o volante, meu camarada… revela. E muito.
📍 Já viveu uma situação surreal no trânsito? Me conta aí!
🧠 Se não dá pra mudar o mundo, que tal começar pelo retrovisor?
Perfeito. Adorei e concordo com o texto.