Esquerda e Direita: Quem inventou essa confusão toda?


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Era uma vez uma revolução. A francesa. Aquela mesma que começou cortando cabeças e terminou levantando questões. Liberdade, igualdade, fraternidade… e polarização política. Sim, meu caro, foi ali, no final do século XVIII, que nasceu essa parada toda de “esquerda” e “direita” que, hoje, mais parece briga de torcida do que debate de ideias.

Mas antes de colocar a culpa no TikTok, no Enem ou no seu professor de História, vamos às origens.


Tudo começou com cadeiras numa sala

Em 1789, durante os debates da Assembleia Nacional na França revolucionária, os deputados se organizaram no plenário de acordo com suas posições políticas. Literalmente.

  • Os que defendiam o rei, os nobres e a manutenção da ordem tradicional, os conservadores, sentaram-se à direita do presidente da Assembleia.
  • Os mais radicais, defensores de reformas sociais, igualdade e justiça popular, os revolucionários, se acomodaram à esquerda.

Pronto. Tava feita a besteira.

De lá pra cá, esses termos ganharam o mundo, foram adotados, adaptados, deturpados, remixados e viraram xingamento de almoço de domingo.


Ideologias: vamos com calma que o assunto pega fogo

Tá, mas e o que é, de fato, ser de esquerda ou ser de direita? Sem reducionismos de WhatsApp, grosso modo, e aqui já peço perdão aos cientistas políticos que estão lendo, a divisão se dá mais ou menos assim:

➤ ESQUERDA

Defende a igualdade social, a intervenção do Estado na economia, políticas públicas que reduzam desigualdades, proteção de minorias, justiça redistributiva, educação pública, saúde universal. Acha que o Estado tem papel essencial em equilibrar o jogo desigual do capitalismo.

Os da esquerda acham que não dá pra competir de igual pra igual se um nasce num triplex com babá bilíngue e outro num barraco de lona sem saneamento.

➤ DIREITA

Valoriza a liberdade individual, a livre iniciativa, o empreendedorismo, a meritocracia, o Estado mínimo (mas com polícia forte), a propriedade privada, a tradição, e nos últimos tempos, uma certa nostalgia do tempo em que “tudo era melhor” (spoiler: não era).

A direita acredita que se você se esforçar, acordar cedo, trabalhar duro e tomar banho frio, pode enriquecer… mesmo que estatisticamente só o dono da empresa onde você trabalha vá fazer isso.


E o Centro? Existe mesmo ou é lenda urbana?

Tem também o pessoal do centrão ideológico, que jura que não é nem uma coisa nem outra. São os famosos “em cima do muro”. Mas, na prática, esse muro costuma pender mais pro lado de quem tá com a chave do cofre.

(Alô, Brasil!)


Mas Sal, isso não é muito simplista?

Sim. É simplista, mas é eficaz pra começar a conversa. As ideologias não são caixinhas estanques. Há esquerdas democráticas e esquerdas autoritárias, direitas liberais e direitas reacionárias. O que complica o papo é quando as pessoas tratam ideologia como religião e acham que política é futebol: ou você torce pro meu time ou é meu inimigo.

E aí, meu amigo, não tem mais espaço pra ideia. Só pra grito.


“Esquerda é Comunismo, Direita é Democracia!”

Respira. Pega seu lexotan, uma água com açúcar…

Essa é a frase preferida de quem passou mais tempo vendo vídeo de coach político do que lendo um livrinho básico de História. A esquerda não é sinônimo de comunismo. E a direita não é sinônimo de democracia.

Stalin era ditador? Era. Mas Pinochet também foi. Mao perseguiu opositores? Sim. Mas Hitler também. Ou seja: autoritarismo não é exclusividade de ideologia nenhuma. É exclusividade de quem acha que pode calar os outros em nome do próprio umbigo.


E no Brasil? Quem é quem na fila do pão?

A divisão aqui sempre foi meio torta. Tem liberal que é mais estatista que socialista sueco. Tem esquerdista que nunca leu Marx, mas já tweetou sobre revolução 16 vezes em 2 horas. E tem político que se diz de direita, mas só quer mesmo é mamar nas tetas do Estado.

Enquanto isso, o povo vai se virando como pode: entre o bolso vazio e a timeline cheia de fake news.


Então, Sal, o que fazer?

Pra começo de conversa: entender que ideologia não é xingamento. Ter uma visão de mundo, refletir sobre como a sociedade deve funcionar, defender ideias… tudo isso é saudável. Desde que você não queira calar o outro, perseguir professor, censurar artista ou criar uma cruzada santa contra livros.

Quer discordar? Show. Mas estuda. Lê. Escuta quem pensa diferente. Porque o que não dá é pra viver num país onde a pessoa não sabe nem onde fica a esquerda e a direita na política… mas dirige o carro como se fosse ministro da infraestrutura.


Pra fechar com aquela pitada final

Se alguém te perguntar se você é de esquerda ou de direita, respira e pergunta de volta:
“Com base em quê? No Xuíter do Monark ou no livro do Norberto Bobbio?”

Ah, e por favor:
Pare de achar que esquerda é coisa de comunista comedor de criancinha, e que direita é o lar doce lar dos homens de bem. Nenhum dos dois lados tem o monopólio da virtude, mas alguns têm o histórico mais complicado, viu?

Ah, e se você quiser mesmo saber onde você se encaixa, tem um teste legal chamado “Bússola Política”. Muito melhor que o grupo da família.


E só pra não deixar passar, preciso te contar uma verdade que dói mais do que imposto em cima do feijão:
ser pobre e de direita é, no mínimo, uma contradição que beira a esquizofrenia social.

Porque, veja bem: é como torcer pra um time que nunca te deixa entrar no estádio. Aplaudir de pé o sistema que te chuta da arquibancada. Defender com unhas e dentes um modelo que te explora de segunda a sexta, e ainda quer sua alma no sábado.

É tipo ser figurante de novela e achar que é o protagonista só porque apareceu de relance no espelho da sala da mansão.

Se você é da quebrada, suburbano, periférico, pega ônibus lotado, vive de bico, depende de SUS, reza pra conseguir uma vaga na creche, e ainda assim acha que o problema do país é o Estado grande demais… Cara, desculpa, mas alguém aí tá te vendendo um combo ideológico vencido e com preço superfaturado.

A real é que o sistema adora quando você se acha exceção. Porque enquanto você sonha em ser patrão, continua sendo explorado como peão.

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Sal

Jornalista, blogueiro, letrista, já fui cantor em uma banda de rock, fotógrafo, fã de música, quadrinhos e cinema...

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