30 Anos na Insanidade: o retorno vigoroso do Hanoi Hanoi

📀 Ouça o álbum no streaming
🎥 Assista ao clipe de “Idiota”
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Poucas bandas brasileiras conseguiram condensar, em forma de música, a mistura de atitude, poesia, ironia e swing do rock nacional dos anos 80 como o Hanoi Hanoi. E agora, três décadas depois da estreia, a banda ressurge com um documento precioso: “30 Anos na Insanidade – Ao vivo”, gravado em 2017 em Nova Lima (MG) e lançado agora em streaming pelo selo Jasmin Music.

Sim, crianças, este registro é mais do que um show. É um reencontro, um acerto de contas com a própria história e um presente para quem viveu e para quem ainda vai descobrir a força do Hanoi Hanoi.


A História que Conduz ao Reencontro

Criado em 1985 por Arnaldo Brandão (baixista, compositor e vocalista carioca com passagens por Raul Seixas, Luiz Melodia, Gal Costa e Caetano Veloso), o Hanoi Hanoi rapidamente se firmou como uma das bandas mais instigantes da geração.

Com letras afiadas e cheias de poesia urbana, fruto da parceria com o saudoso Tavinho Paes, o grupo produziu clássicos que misturavam rock, cinismo e lirismo como “Totalmente Demais”, “Blá Blá Blá, Eu Te Amo (Rádio Blá)” e “O Tempo Não Para” (essa última, em coautoria com Cazuza) e também um petardo na voz de Arnaldo.

O primeiro álbum, de 1986, fez barulho nacional, principalmente com Totalmente Demais, mas não só isso. O disco tem pérolas como Nem Sansão Nem Dalila, outra em coautoria com Cazuza, Rádio Blá, Bonsucesso’ 68 entre outras, mas o Hanoi nunca foi uma banda moldada pela engrenagem da indústria: cresceu no boca-a-boca, sobretudo em Minas, onde o público e o rádio abraçaram o som.


O Registro Ao Vivo

Passados 22 anos desde Credus (1995), considerado um dos melhores discos de rock ao vivo já gravados no Brasil, o Hanoi voltou ao palco com a formação clássica:

  • Arnaldo Brandão – Voz e Baixo
  • Ricardo Bacelar – Teclados, violão, guitarra e vocal
  • Sérgio Vulcanis – Guitarra e vocal
  • Marcelo da Costa – Bateria e vocal

E, como se não bastasse, abriram espaço para participações de peso: Samuel Rosa, Flávio Renegado, Affonsinho Heliodoro e o próprio Tavinho Paes, que cuidou da concepção cênica e ainda fez uma performance poética.

O repertório equilibra clássicos com inéditas. “Idiota” e “Tá Tudo Podre” chegam como provocações atuais, enquanto “Totalmente Demais” ganha roupagem nova com rap de Renegado, e “Saideira” vira um encontro raro com Samuel Rosa. É um passeio por três décadas de criação sem perder o frescor.


Produção e Estética

Produzido por Arnaldo Brandão e Ricardo Bacelar, com direção de vídeo de Renato Falcão, o show deixa clara a vocação do Hanoi para o palco. É visceral, é divertido, é brasileiro até o osso.

A sonoridade continua carregando aquela marca única: rock de guitarra, sim, mas permeado por percussões, balanço e experimentações que sempre diferenciaram a banda da onda mais engessada dos anos 80.

A câmera de Falcão captura bem esse vigor, e a mixagem reforça o peso dos arranjos sem perder clareza. Tudo soa maduro, consciente, mas ainda irreverente, como se o tempo tivesse adicionado densidade sem apagar a chama.


Por que Importa

Num momento em que a música dos anos 80 é revisitada por novas gerações, esse lançamento coloca o Hanoi Hanoi no lugar certo: não como peça de museu, mas como parte viva do DNA do rock brasileiro.

Há um detalhe essencial: a poesia de Tavinho Paes. Ela atravessa décadas e mantém frescor. Ironia, crítica social, lirismo urbano e tudo se torna atemporal. Arnaldo disse bem: “Para mim, música boa não é datada”. E o Hanoi prova isso neste show.

Além disso, o disco é testemunho de uma cena que influenciou diretamente o que veio depois. Bandas atuais, ainda que sem perceber, caminham por trilhas abertas pelo Hanoi e seus contemporâneos.


Por que ouvir?

“30 Anos na Insanidade – Ao vivo” não é só um registro de reencontro, mas uma celebração de legado. Um disco que reafirma a potência do Hanoi Hanoi como banda de palco, como grupo de atitude e como guardião de uma estética própria no rock nacional.

Quem viveu os anos 80 vai sentir a nostalgia boa. Quem descobrir agora vai perceber que ali tem energia, poesia e suingue capazes de dialogar com qualquer tempo.

👉 Vale ouvir com atenção, assistir ao show na íntegra e deixar-se contagiar por essa insanidade deliciosa que só o Hanoi Hanoi soube criar.

Sal

Jornalista, blogueiro, letrista, já fui cantor em uma banda de rock, fotógrafo, fã de música, quadrinhos e cinema...

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