A viagem interior do Led Zeppelin: 55 anos de um voo para dentro
🎧 Ouça o disco: Spotify
📺 Assista à live: YouTube – Pitadas do Sal
📻 Parceria especial: Rádio Web On The Vox
Em 1970, enquanto o mundo ainda respirava o caos da guerra do Vietnã, os ecos de Woodstock e o prenúncio de um novo tom mais sombrio para a juventude, o Led Zeppelin decidiu frear o peso, fechar as cortinas do estrelato e fazer algo que parecia improvável: se ouvir. Led Zeppelin III é o som de uma banda se recolhendo ao silêncio das colinas para escutar o próprio coração e nos entregar um disco que, à primeira vista, parecia um desvio, mas hoje soa como um salto quântico.
Jimmy Page e Robert Plant escalaram o mapa da introspecção e se refugiaram no chalé Bron-Yr-Aur, no País de Gales. Sem eletricidade. Sem luxo. Só a natureza, as cordas de violões e a alma pulsando ideias. O resultado foi um disco que desafiou as expectativas dos fãs sedentos por mais pancadas à la “Whole Lotta Love”, e entregou um repertório que ora mergulha no blues ancestral, ora flutua em melodias folk como se fossem cantigas de ninar psicodélicas.
Mas não se engane: Led Zeppelin III não é um disco manso. Ele só trocou o grito pela sussurrada provocação.

O contexto, a gravação e a capa que roda
Em termos técnicos, o disco foi gravado em diversos estúdios (como Headley Grange e Olympic Studios), com a famosa unidade móvel dos Rolling Stones. A banda estava no auge da fama, mas internamente inquieta. Plant queria mais liberdade, Page queria mais sofisticação. John Bonham e John Paul Jones, como sempre, completaram a alquimia com seus grooves impecáveis, da percussão tribal à melodia hipnótica do baixo.
A capa? Um delírio visual criado por Zacron (Richard Drew), artista experimental que concebeu um artefato giratório, interativo, quase um brinquedo lisérgico. Era como se dissesse: “gira, ouvinte, e veja o que acontece quando o som vira imagem”. Um prenúncio do que o álbum faria: nos girar por dentro.

Um disco mal entendido… até ser entendido demais
Na época, a crítica não perdoou. A Rolling Stone foi mordaz. Chamaram de “suave demais”, “folk em excesso”, “desvio preguiçoso”. Mas o tempo, sempre ele, ajeita as coisas no lugar. Hoje, Led Zeppelin III é celebrado como um dos álbuns mais ousados do grupo. Sua dualidade entre peso e leveza foi compreendida como uma transição necessária. Uma ponte. Um aviso. Um amadurecimento.
O vôo que leva para dentro
O terceiro disco do Zeppelin não queria te carregar para os céus. Queria te levar para dentro de uma caverna, de uma memória, de uma paisagem que só existe na cabeça de quem escuta. É o disco mais humano da banda. O mais orgânico. O mais corajoso.
Se o rock é uma viagem, Led Zeppelin III é aquele momento em que você desliga o motor, desce do carro e escuta o som do vento. E percebe que também é música.

Encerrando, mas jamais fechando
Essa live foi mais uma parceria linda com a rádio web On The Vox, que tem sido uma aliada essencial na missão de espalhar cultura de verdade — daquelas que batem, mas também acolhem. Se você curte mergulhar fundo no universo dos discos que marcaram época, se inscreve no canal, compartilha com os amigos, comenta, e — por que não? — espalha a palavra. O Zeppelin agradece. E a gente também.
Até a próxima viagem!
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