“favoRita” é o novo livro de Rita Lee Jones
Embora eu considere a autobiografia de Rita Lee, lançada em 2016 um pouco chapa branca e superficial no trato de sua fase no Os Mutantes e seu relacionamento com os irmãos Baptista, tudo que a madrinha do rock brasileiro põe as mãos desperta a minha curiosidade, por conta do seu legado e o livro FavoRita não é diferente.
A eterna ovelha negra, que completa 70 anos em 31 de dezembro, diz que a ideia de favoRita surgiu antes mesmo da autobiografia. Terceiro livro de Rita, favoRita destaca imagens de diversas fases da carreira e fotos inéditas atuais, feitas por Guilherme Samora, além dos textos sempre gostosos de ler, feitos pela cantora multimídia. Humor, leveza e bastante acidez nas entrelinhas ou não, são características do estilo Rita Lee de escrever seus “causos”.
Em um texto do livro, intitulado Jabuti, Rita destila um veneninho sobre a vizinhança feminina da velha infância vivida na capital paulista e que dá a medida exata de sua personalidade ao lado de família dominada pelas mulheres. Ela não poupa as Irmãs Baptista – como costuma se referir zoando os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, seus companheiros no Os Mutantes. Ao refletir sobre sua “expulsão” da banda Rita discorre “… Não percebi a sorte que tive quando fui expulsa de uma banda da qual fazia parte e me desesperei com ideias suicidas. Quanto chororô à toa, quanto sofrimento inútil”.
Foi ao lado de Roberto de Carvalho, seu parceiro de arte e de vida, em sua fase solo, que Rita se tornou a partir de 1976, que o ícone que conhecemos até hoje.
No Dossiê Rita Perigosa, um capítulo importante do livro, Rita registra a existência de músicas nunca lançadas – casos de Gente fina (Rita Lee, 1973) e de Prometida (1978), uma das primeiras parcerias de Rita com Roberto – e detalha as alterações feitas nas letras de sucessos como Banho de espuma (1981) e Barriga da mamãe (1982).
Quem curtiu a autobiografia com certeza irá se deliciar com favoRita.
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