Leoni no Pitadas do Sal: um compositor que escreveu o roteiro de uma geração
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O homem que transformou sentimentos em refrão
Se existe um compositor que soube traduzir as dores, os amores, os tropeços e os delírios da juventude brasileira dos anos 80 e 90 em versos eternos, esse nome é Leoni. Não é exagero dizer que ele ajudou a escrever a trilha sonora de uma geração. Ontem, dia 19 de agosto, às 19h, ele esteve comigo no Pitadas do Sal, numa live que foi mais do que uma entrevista: foi um mergulho em memória afetiva, mas também um olhar atento para o presente e para o futuro da música brasileira.
Leoni abriu o jogo sobre sua carreira, seus novos projetos e, principalmente, sobre o peso, ou a leveza, de carregar o título de “um dos melhores compositores do rock brasileiro”. Uma conversa que os algoritmos chamariam de “imperdível”, mas que eu prefiro classificar como um encontro daqueles que fazem a gente sair com a sensação de que aprendeu, riu e se emocionou. Foi um papo da pesada, Top 5 de lives maneiras do Pitadas!
O compositor por trás dos clássicos
É curioso perceber como as músicas de Leoni resistem ao tempo. Quando ele fala de sua passagem pelo Kid Abelha, não há como não pensar em “Fixação” ou “Como Eu Quero”, “Alice…” ou “Pintura Íntima”, canções que grudaram no ouvido de gerações. O mesmo vale para o Heróis da Resistência, com “Esse Outro Mundo”, “Só pro Meu Prazer”, “Dublê de Corpo”, “O que Eu Sempre Quis”… hinos que atravessaram décadas e segue sendo cantadas em coro.
Mas Leoni não ficou preso ao passado. Sua carreira solo é prova de inquietude e reinvenção. Ele continua compondo, gravando e pensando música como quem sabe que cada acorde pode ser uma chave para abrir novas portas. A live trouxe justamente essa dualidade: celebrar o legado e, ao mesmo tempo, projetar o que ainda está por vir. “Baladas Sortidas”, nova turnê que Leoni percorre o país, está aí para comprovar o que digo!
Conversa sem moldura
A pauta da live não era uma linha reta, mas um mosaico. Falamos de composição, da responsabilidade de escrever versos que tantas pessoas carregam como se fossem parte de suas próprias histórias. Leoni deixou claro que compor não é apenas um ato artístico, mas também político e humano e que ele ama o seu ofício.
Ele contou passagens de sua trajetória, refletiu sobre os bastidores da cena musical brasileira dos anos 80 e comentou o quanto aquela efervescência ajudou a moldar a identidade cultural do país. Ao mesmo tempo, não deixou de lançar luz sobre os desafios atuais: como se manter relevante em um cenário dominado pelo imediatismo, pelas métricas e pela pressa de uma sociedade que, muitas vezes, não tem tempo para ouvir uma canção até o fim.

Legado e permanência
Falar de Leoni é falar de legado. Suas melodias, letras, suas canções estão na memória coletiva, mas o que mais impressiona é a capacidade de ainda provocar identificação em novas gerações. Na live, ele foi direto: a música precisa de coragem para se manter viva, mesmo quando o mercado insiste em domesticar a criatividade.
Ali estava um compositor que não se contenta em ser lembrado pelo que fez, ele quer continuar fazendo. E talvez seja justamente isso que mantém sua obra tão pulsante, relevante. Leoni não é um retrato em preto e branco numa parede; é um artista em movimento, inquieto, disposto a se reinventar.
O público e a chama acesa
Durante a transmissão no YouTube, os comentários fervilharam. Fãs de longa data relembraram shows históricos, enquanto novos ouvintes descobriram pela primeira vez a dimensão de suas composições. Essa troca, esse trânsito entre gerações, é talvez o maior triunfo de um artista que nunca precisou de modismos para existir.
A cada resposta, Leoni mostrava o mesmo traço que suas músicas carregam: clareza, sensibilidade… e uma dose certeira de lucidez. Não havia palco, não havia distanciamento. Apenas um bate-papo honesto, do jeito que o Pitadas do Sal gosta de fazer: sem formalidade engessada, mas com o respeito que a arte merece, com aquele clima de um bom bate-papo de loja de discos.

A caneta ainda escreve
Ao final da live, ficou a sensação de que Leoni continua escrevendo não apenas músicas, mas capítulos importantes da história da música brasileira. Se os anos 80 deram a ele um palco inicial, o presente lhe oferece a chance de reafirmar sua relevância e de seguir produzindo versos que conversam com a vida real, aquela que acontece fora das playlists de algoritmos.
E é assim que eu gosto de olhar para encontros como esse: como lembretes de que a cultura não é um museu, mas uma chama que precisa ser alimentada. Leoni mostrou que sua caneta continua tinindo, afiada, necessária, pronta para traçar novas linhas na partitura da nossa memória coletiva.
Em tempos de algoritmos que decidem o que você deve ouvir, assistir ou pensar, sentar para escutar Leoni é quase um ato de liberdade. Afinal, como ele mesmo poderia dizer: garotos não resistem aos seus mistérios, e eu diria que a música também não.
Então, se você ainda não viu, o convite está feito: corra para o YouTube do Pitadas do Sal e assista à conversa completa. Porque algumas histórias não cabem em três minutos e meio de canção, mas cabem muito bem em uma boa live.
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