Morre Dona Ivone Lara aos 96 anos
Símbolo da nobreza feminina do Samba, Dona Ivone Lara morreu na noite de ontem, segunda-feira, 16 de abril.
Primeira mulher a compor um samba-enredo para uma escola de samba, Dona Ivone Lara é um dos principais nomes do Samba no Brasil. Sua morte, devido a um quadro de insuficiência cardiorrespiratória, é sentida pelos seus fãs, parentes e amigos.
De acordo com o site de notícias G1, a sambista estava internada em um hospital da Zona Sul do Rio de Janeiro desde o dia 13 de abril, data em que comemorou seu aniversário de 96 anos. (Ivone sai de cena aos 96 anos – e não aos 97 anos, pois a mãe de Ivone aumentou oficialmente a idade da filha em um ano para permitir o ingresso da menina em colégio interno em 1932).
Dona Ivone Lara nasceu no bairro de Botafogo-RJ e ficou órfã muito cedo. Suas primeira influências musicais foram com os mais, mesmo tendo sido curto o convívio. Criada pelos tios, aprendeu a tocar cavaquinho e se apaixonou perdidamente pelo Samba. Anos mais tarde formou-se em Enfermagem e atuou como assistente social até 1977, quando passou a se dedicar exclusivamente à música.
Primeira mulher a se destacar compondo samba-enredo, cantora é ícone na história da MPB
Compositora de inúmeros sucessos, como Sonho Meu, Sorriso Negro e Alguém me avisou, gravados por artistas do calibre de Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paula Toller, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Mariene de Castro e Roberta Sá e Dorina, Dona Ivone Lara casou-se com Oscar Costa, presidente da escola de samba Prazer da Serrinha, com quem teve dois filhos, Alfredo e Odir, este último morto em 2008.
Sua primeira composição data do ano de 1934, assinando o partido alto Tiê com Mestre Fuleiro (1912 – 1997) e Hélio dos Santos (1917 – 2007). Em 1965, Ivone foi admitida na ala de compositores da escola Império Serrano, uma das quatro grandes do Carnaval carioca, ao lado das tradicionais Mangueira, Portela e Salgueiro. Lá assinou o aclamado samba–enredo Os cinco bailes da história do Rio (Ivone Lara, Silas de Oliveira e Bacalhau, 1965). Ivone não foi a primeira mulher a abrir essa ala (proeza que coube a Carmelita Brasil em 1959, na Unidos da Ponte), mas foi a primeira a se destacar nacionalmente nesse terreiro historicamente masculino.
Dona Ivone Lara, em foto da capa do álbum 'Nasci para sonhar e cantar', de 2001 (Foto: Divulgação / Silvana Marques)
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