Roupa Nova | A trilha sonora das nossas vidas
👉 Assista à live completa no YouTube do Pitadas do Sal
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Existem bandas que não apenas fazem sucesso, elas se tornam o pano de fundo da vida de um país. O Roupa Nova é exatamente isso: uma banda que atravessou gerações vestindo a emoção brasileira com melodia, harmonia e poesia.
Na live que rolou no Pitadas do Sal, lá no YT, tive a alegria de conversar com Ricardo Feghali, multi-instrumentista, vocalista e um dos grandes arquitetos desse som que marca corações e rádios há mais de quatro décadas. Foi um papo leve, generoso e cheio de histórias, daquelas que lembram por que a música ainda é o melhor jeito de guardar o tempo.
O início de uma harmonia
Antes de virar Roupa Nova, o grupo já afinava sonhos sob o nome Os Famks, um projeto de músicos que tinham mais vontade do que fama, e mais música do que planejamento. “A gente queria apenas tocar juntos, experimentar, aprender”, contou Feghali, lembrando de um tempo em que o rock, o soul e o pop ainda se misturavam nos palcos pequenos do Rio.
Foi em 1980 que o nome mudou e a história começou de verdade. “Roupa Nova”, título de uma canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, se transformou em identidade, em filosofia e, sem querer, em marca registrada.
“Esse nome simbolizava exatamente o que a gente queria: vestir a música brasileira com algo novo, com mais cor, mais harmonia”, disse Ricardo.

Faixa a faixa da nossa memória
Cada disco do Roupa Nova parece contar um pedaço da história do Brasil, e, de algum jeito, da vida de quem os ouve.
Falamos sobre essa discografia extensa, que começa com o álbum de estreia de 1981, e segue por uma sequência impecável:
- Roupa Nova (1981) — a estreia que trouxe frescor ao pop nacional;
- Roupa Nova (1982) — a consolidação do som, com arranjos ousados e vocais perfeitos;
- Roupa Nova (1983) — onde o grupo mostra maturidade e identidade própria;
- Roupa Nova (1984) — o disco que embalou as novelas e colocou o nome da banda nas rádios do país inteiro;
- Roupa Nova (1985) — o auge popular, com hits que todo brasileiro sabe cantar;
- Herança (1986) e Luz (1988) — a fase de sofisticação, com letras introspectivas e uma sonoridade refinada;
- Frente e Verso (1992), De Volta ao Começo (1994), Agora Sim (1999) — os anos 90 e 2000 provando que a banda sabia se reinventar sem perder a essência;
- Roupa Nova em Londres (2009) — gravado em Abbey Road, um verdadeiro selo de eternidade;
- Todo Amor do Mundo (2015) e As Novas do Roupa (2019) — a mostra viva de que o grupo não é saudosismo, é permanência.
Enquanto conversávamos sobre essa linha do tempo, Feghali resumiu com a calma de quem sabe o tamanho da própria história:
“O segredo é não parar de amar o que se faz. A gente continua estudando, aprendendo, e o público sente quando é verdadeiro.”
Bastidores, emoções e curiosidades
Entre uma risada e outra, ele contou bastidores de gravações, momentos inesperados e até decisões que mudaram a trajetória do grupo.
“Tem música que quase ficou de fora e virou sucesso. Às vezes a gente discutia arranjo por dias, mas no fim, era sempre pelo melhor da canção.”
Perguntei sobre as trilhas de novela — afinal, o Roupa Nova é praticamente um personagem fixo da teledramaturgia brasileira. Ele sorriu:
“Era mágico! A gente ligava a TV e via a música ganhando vida nas cenas. A emoção era dupla: a da arte e a da vida real.”

Entre a perda e a continuidade
A conversa ficou mais emocionada quando o assunto foi Paulinho, vocalista histórico da banda, falecido em 2020.
Feghali respirou fundo antes de responder:
“O Paulinho era único. Mas a gente entendeu que ele não ia querer que a música parasse. A entrada do Fábio [Nestares] foi natural, respeitosa e necessária. O Roupa Nova é uma família e família continua.”

A arte de durar
O Roupa Nova é, acima de tudo, uma lição de longevidade. Um grupo que atravessou modas, formatos, crises da indústria fonográfica e transformações tecnológicas, e continua sendo sinônimo de qualidade.
Ricardo foi categórico:
“A gente nunca quis ser o maior, só o melhor que a gente podia ser. E o público percebe quando há verdade nisso.”
E é isso que os mantém vivos, a verdade.
O som do Roupa Nova continua sendo aquele abraço em forma de melodia, a trilha sonora das nossas memórias mais sinceras.

Fecho da conversa
Terminei a live com o coração leve e uma sensação boa de gratidão.
Ouvir o Ricardo é como abrir o encarte de um vinil antigo: cada palavra tem textura, cada lembrança tem som.
O Roupa Nova é parte da gente. Não só pela música, mas pela harmonia, aquela que a vida, às vezes, insiste em desafinar.
E se existe algo que o tempo não consegue vestir de novo, é o sentimento que essas canções despertam. Porque, no fim das contas, Roupa Nova nunca sai de moda, ele mora no peito.
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