Viajar é preciso… faz parte da Natureza Humana

Um jovem casal decidiu abandonar o conforto de suas vidas, largaram seus empregos e se aventuraram em uma viagem de 110 dias, em uma busca interior

Viajar… para aqueles que não gostam, inúmeros empecilhos são criados simplesmente para evitar o ir. Em contrapartida, para aqueles que a aventura, o novo, a experiência corre nas veias, um breve planejamento e uma muda de roupas na mochila já são motivos suficientes para cair na estrada. Viajar para buscar, viajar para fugir, viajar para aprender, viajar…

Foram alguns meses de pesquisa e preparação para que Bruna de Moraes, 25 anos, do signo de Aquário, e o namorado Diego Nunes, 27 anos, fotógrafo, do signo de peixes caíssem na estrada para vivenciar uma aventura única e que vai marcar para sempre suas vidas.

Após ler relatos de outros aventureiros, que em determinado momento de suas jornadas pela Terra decidem “largar tudo” para realizar uma viagem ao encontro de si mesmo, o casal passou 110 dias viajando, a pé, de busão, e muito de carona. De janeiro a Abril Percorreram 21 cidades e foram lugares que antes só conheciam de vídeos, fotos. O momento era propício para eles. O ritual de passagem foi marcado para dezembro de 2014. O ponto de partida foi Ushuaia, na Argentina, última cidade ao Sul, do continente Sul Americano. Dali seguiriam até o Chile.

O objetivo de Bruna e Diego com a viagem, muito mais que a aventura, foi buscar conhecimento interior. Se desligar da rotina diária e, assim como nos ritos de passagem, que marcam momentos importantes na vida das pessoas, celebrar a mudança em suas vidas. O timing para fazer a transição, segundo Diego, foi definitivo para arrumarem as mochilas. “A gente estava em um momento de querer fazer essa transição. Eu tinha minha empresa com mais dois sócios, decidimos dar uma reformulada, já com a minha possível saída em mente. A Bruna também queria sair do emprego dela. Então, era um momento propício para nós dois”, lembra.

A aquariana considera que colocar uma viagem no meio do rompimento de algo seja muito importante. Ela lembra que em muitas culturas essas rupturas se deem através de uma “jornada”. “Tinha muito israelense viajando pela Patagônia. Nós ficamos sabendo que após o serviço militar, que todos fazem, homens e mulheres, tiram um ano para viajar e justamente marcar esse rito de passagem, pois a partir daí é que eles começam a investir na carreira e tal”, destaca Bruna.

O que mais chamou atenção do casal foi a hospitalidade que receberam durante toda viagem. Receberam muita ajuda de desconhecidos, nos locais onde se hospedavam, de outros trilheiros que conheciam pelo caminho. Para eles, este fato, foi uma das partes mais incríveis da viagem. “O latino em si, quando descobriam que nós éramos brasileiros, parecia que todas as portas se abriam. Eles nos valorizavam pelo fato de também sermos latinos, coisa que no Brasil a recíproca não é a mesma”, lamenta Bruna.

Para Bruna o tema “viajar” já lhe chamava atenção. Ler relatos de viagens, como o livro do, também jaraguaense, Charles Zimmermann, artigos na internet de Amir Klinky, Família Schirmann sempre a atraíram. “Eu não sei porque eu gosto, mas curto saber como as pessoas pediam carona, se passavam perrengue, eu gostava de saber. Não pensava em ir a outro país, em outro lugar e visitar somente os pontos turísticos. Meu interesse sempre foi conhecer a fundo um local, a cultura, ter contato com a natureza. Isso tudo se somou com a vontade de mudança de vida. Eu tinha para mim que havia fechado um ciclo e queria iniciar um novo e a viagem foi o ponto de partida”, declara.

O contato com a natureza foi a mola propulsora que motivou Diego a “se aventurar” em uma longa viagem. Ele também tinha uma louca vontade de conhecer lugares novos, fazer trekking e colocar o corpo no limite. “Eu queria o negócio da aventura, da caminhada. Era isso que sempre me atraía. Estava buscando essas coisas. E no final, eu queria a natureza e o que me surpreendeu foi o humano. Justamente o contato com as pessoas, a diversidade de culturas, o que a gente aprendeu, isso foi muito bacana”, confessa.

O fruto

Da experiência surgiu a ideia de passar o aprendizado adiante. Multiplicar a aventura e estimular outras pessoas que, assim como eles, querem investir em uma grande viagem. Não aquela de turistas, que também é válida e recomendada, mas em uma viagem para se embrenhar na cultura e estilo de vida de um povo. Assim nasceu o site “A Natureza Humana”.

Bruna confessa que os relatos de viajantes os ajudaram tanto com os questionamentos e dúvidas que ela e Diego tinham, em relação a própria viagem, que ela não iria conseguir ficar sem relatar a aventura deles para as pessoas, “para elas verem que não é tão difícil”, afirma Bruna. “Nós fomos tão ajudados pelas informações, pelos artigos, reviews que encontramos na Internet, então, nada mais justo de compartilhar a nossa experiência”, concorda e complementa Diego.

“O site também mostra pro pessoal daqui de Jaraguá, para os nossos amigos, para a nossa família, que pessoas que eles convivem, pessoas daqui foram lá e fizeram, então é possível.”, incentiva Bruna. Já Diego lembra que todos têm vontade de viajar, mas sempre colocam barreiras, como a falta de tempo ou dinheiro. “Quando decidimos viajar também não tínhamos muita grana, não tínhamos nada demais que nos facilitasse a saída, apenas a vontade de viajar. Se comparar a gente com o nosso círculo de amigos, nós éramos apenas mais um casal. O site vem para mostrar isso. Olha, galera, é possível!

O site “A Natureza Humana” possui fotos e vídeos da viagem do casal, com vários artigos, depoimentos e dicas importantes como se preparar também fisicamente para enfrentar a estrada. É um espaço onde o casal conta as aventuras da viagem e mostra um pouco da experiência dessa conexão entre natureza e humanidade.

As dicas para quem quer seguir viagem

Planejamento é a base de tudo, de acordo com o casal. “Divida o sonho em etapas e vá se organizando”, indica Bruna. Para a ela, colocar um prazo e dar o primeiro passo é o grande começo da aventura.

Diego reforça que além de começar o planejamento, a pessoa deve viver mais o sonho. Trazer a viagem, a aventura para mais próximo de você. “Foi isso que começamos a fazer. Iniciamos por fazer acampamentos em lugares próximos, a ler mais sobre viagem e viajantes. É como fazer uma imersão. Isso nos dava mais desejo, mais vontade para seguir batalhando pelo sonho.

O olhar da volta

“Muda tudo”, afirma o casal. Voltar para casa, já no fim da viagem, não saía da cabeça de Diego. Ele diz que tinha muitas ideias para colocar em prática e ele queria começar logo. “Sempre fui muito ansioso”, confessa, “e quando chegamos foi tudo mágico”, completa Diego. Mas começar a colocar em prática esse novo jeito de viver que a dupla imergiu nos dias viajando era o que movia a ânsia do fotógrafo.

“A vida deve ser levada de forma simples”. Isso foi confirmado pelo casal durante a viagem e a volta ao cotidiano, de forma madura e com a visão de que não querem trabalhar como loucos para enriquecer, mas sim para aproveitar tudo o que realmente gostam de fazer. Isso ficou enraizado na alma dos dois. Para o casal, a prioridade é escolher o que se quer fazer e a hora em que isso deve ser realizado. “Tudo tem seus prós e contras”, lembra Diego, mas essa é a maneira que eles querem levar suas vidas daqui por diante e não abrem mão disso.

Todas as fotos deste post são de autoria de Diego Nunes.

Sal

Jornalista, blogueiro, letrista, já fui cantor em uma banda de rock, fotógrafo, fã de música, quadrinhos e cinema...

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