STF X Bolsonaro: O Julgamento


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O Brasil está diante de um daqueles capítulos que a gente sabe que vai parar nos livros de História. Só que, ao contrário das páginas amareladas, agora é ao vivo, em tempo real, com transmissão global e repercussão que ecoa até nos bastidores da diplomacia. O STF começou a julgar Jair Bolsonaro e mais sete acusados pela tentativa de golpe de Estado que incendiou o país em 2022.

E vamos falar a real: não é apenas sobre um homem sentado no banco dos réus. É sobre um projeto de poder que flertou com o abismo, ameaçou a democracia, ridicularizou instituições e tratou a Constituição como papel higiênico.


O Contexto

Entre 2 e 12 de setembro de 2025, a Primeira Turma do STF (Moraes, Zanin, Dino, Fux e Cármen Lúcia) conduz um julgamento histórico. Os crimes em jogo são pesados: tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, destruição de patrimônio público e dano qualificado com violência.

Se condenado, Bolsonaro terá direitos políticos suspensos. Prisão? Só depois do trânsito em julgado, ou seja, quando todos os recursos se esgotarem. Tradução: não espere camburão na porta de casa amanhã cedo. Mas espere, sim, um marco jurídico que vai dizer muito sobre até onde vai a tal da “responsabilidade institucional” no Brasil.


Os capítulos da rama

🔹 2 de setembro: abertura dos trabalhos. Alexandre de Moraes dá o tom.
🔹 3 de setembro: sustentação oral, defesa tenta transformar golpe em “manifestação política”.
🔹 9 e 10 de setembro: debates e votos. Cada ministro será obrigado a se posicionar diante da História.
🔹 12 de setembro: previsão de sentença. Mas, claro, existe o famoso “pedido de vista”, aquele truque que empurra tudo por até 90 dias. A cara do Brasil.


Por que isso importa?

  1. Ineditismo: nunca um ex-presidente foi julgado no STF por tentativa de golpe. É a democracia colocando as cartas na mesa.
  2. Resistência institucional: depois de anos de ataques, o Judiciário mostra se aguenta ou se dobra.
  3. Memória e responsabilidade: é o processo que confronta fake news, negacionismo, ódio e destruição de dentro das regras do jogo.

Minha leitura

Esse julgamento é o divisor de águas entre o “tudo pode” e o “ninguém está acima da lei”. Se Bolsonaro sair ileso, abre-se a porteira para que qualquer outro aventureiro brinque de rasgar a democracia. Se for condenado, o Brasil dá um recado não apenas interno, mas ao mundo: ainda existe vacina contra o autoritarismo por aqui.

Mas, sejamos francos: a História brasileira adora brincar com ironia. Já vimos malandros escaparem com habeas corpus em guardanapo, já vimos torturadores virarem heróis de praça pública. A pergunta é: o Supremo vai mesmo fincar o pé, ou vamos assistir mais um capítulo do teatro da impunidade?


Defesa final

O julgamento de Bolsonaro não é só sobre Bolsonaro. É sobre o país que queremos contar às próximas gerações. Se democracia é apenas uma palavra bonita ou se é, de fato, um pacto que tem consequências.

No fim, esse processo é o nosso “ensaio geral”: ou aprendemos agora, ou voltamos a tropeçar na mesma pedra que já nos derrubou tantas vezes.

E como dizia um velho bicho da MPB: “a história é um carro alegre, cheio de um povo contente, que atropela indiferente todo aquele que a negue”. Vamos ver quem será atropelado desta vez.


👉 Fontes: CNN Brasil, Poder360, Intercept Brasil, UOL, JOTA.


Sal

Jornalista, blogueiro, letrista, já fui cantor em uma banda de rock, fotógrafo, fã de música, quadrinhos e cinema...

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2 Resultados

  1. Adelson disse:

    Análise e argumentações perfeitas!

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