Imposto Vira Cultura é realidade e vale para todo Brasil

Se você declara imposto de renda e sempre fica incomodado por não saber para onde vai o valor pago todos os anos, saiba que agora você pode dar um destino limpo e certeiro, apostando em um projeto cultural que melhor lhe apraz. Ah, O incentivo pode ser feito durante todo o ano. Converta seu I.R em cultura!

Idealizado pela produtora cultural, Lidiane Lemes, a plataforma de financiamento coletivo Imposto Vira Cultura serve para que pessoas físicas ou jurídicas possam reverter parte do imposto de renda declarado todos os anos em projetos culturais, já previamente aprovados na Lei Rouanet.

Um pouco desiludida com a dificuldade de produzir cultura em Florianópolis, cidade em que vive, a gaúcha Lidi (como é mais conhecida pelos amigos) teve a ideia em 2011 de tentar algo a mais em prol da cultura. “Eu me sentia um pouco frustrada com as dificuldades. Eu via um mercado muito pujante aqui em Floripa, apesar da sensação que muitas pessoas têm de que não há cultura aqui. Mas isso é uma falácia, pois aqui tem uma cultura muito rica”, afirma. Porém, Lidi diz que as pessoas não valorizam essa arte, no sentido de pertencimento. “Muitas pessoas não entendem que isso é importante, faz parte do desenvolvimento humano e da construção subjetiva da cidade.

A produtora cultural Lidiane Lemes é a idealizadora da plataforma Imposto Vira Cultura

Para alavancar a arte e a cultura bacana que é produzida nos quatro cantos do Brasil, Lidi conseguiu tirar o projeto do papel em 2014, durante o Social Good Brasil. O Imposto Vira Cultura quer então servir de conexão entre quem produz com aquele que pode (e deve) incentivar a cultura no país. Lidi explica que para isso acontecer, parte do Imposto de Renda (Físicas até 6% e Jurídicas até 4%) pode ser revertida para incentivar os projetos culturais que, embora aprovados, não recebem recursos.

O interessado em fazer essa boa ação em benefício da cultura precisa apenas entrar na plataforma, escolher o projeto que deseja apoiar e depositar o valor proporcional ao imposto de renda que declara. “Pela plataforma ainda dá para acompanhar o desenvolvimento do projeto cultural”, lembra Lidi.

O bacana, além do fato em si, é que ao invés desse valor ir para o governo, você destina para um projeto bacana de cultura e posteriormente pode ser restituído ou deduzido do seu Imposto de Renda, o valor destinado à plataforma.

“Acesso à cultura é um direito humano”, Lidia Lemes no Ted x Floripa, realizado mês passado (foto por J. Neto)

Viabilizados

Até o momento Lidi diz que há seis projetos viabilizados pelo Imposto Vira Cultura. “Estão em fase de captação de recursos. São projetos de música, teatro, audiovisual e literatura. Todos catarinenses e que aguardam incentivo de pessoas ou empresas”, explica.

A produtora acredita que as Pessoas Físicas devem apostar mais na plataforma.” Eu espero que as pessoas vejam que precisam consumir mais cultura. Nós todos somos feitos de cultura. Queremos que as pessoas se sintam empoderadas e tenham autonomia para escolher uma iniciativa, acompanhá-la e usufruí-la. Mas também queremos despertar o interesse das empresas para que elas vejam o financiamento não somente como interesse de marketing, mas principalmente como valor de difusão cultural. Hoje nossa base é a Lei Rouanet, mas pensamos em, no futuro, usar a legislação e impostos municipal e estadual para incentivar ainda mais projetos”.

Em Resumo

Em linhas gerais, nas palavras da própria criadora da plataforma, o Imposto Vira Cultura é um “crowdfunding” de projetos culturais aprovados pela Lei Rouanet, que você pode incentivar com o Imposto de Renda, quando feitos no modelo completo. Não vale o simplificado. “Só que ao invés de você destinar dinheiro, como em um crowdfunding tradicional, você calcula seu imposto de renda e destina de 4% (Pessoa Jurídica) e 6% (Pessoa Física) desse total, que poderá ser deduzido ou restituído posteriormente”, explica Lidi.

A produtora destaca ainda que 10 milhões de Pessoas Físicas podem fazer esse incentivo, mas apenas, de acordo com recente relatório do Ministério da Cultura, cerca de 9 mil pessoas fazem com que parte do seu imposto de renda seja destinado à cultura. “As pessoas desconhecem a possibilidade do incentivo. Por isso essa plataforma foi criada para tentar angariar um número maior de incentivadores à cultura”, finaliza.

Sal

Jornalista, blogueiro, letrista, já fui cantor em uma banda de rock, fotógrafo, fã de música, quadrinhos e cinema...

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