Fruto Proibido | O grito libertário de Rita Lee

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🌋 Um grito feminino em meio ao silêncio imposto

O ano é 1975. A ditadura militar brasileira ainda dava as cartas, a censura comia solta e os ventos do rock sopravam do outro lado do mundo, meio abafados por aqui. Mas no epicentro dessa inquietação cultural, uma mulher com cabelos vermelhos e atitude punk surge dizendo: “agora é só comigo, meu bem.”, não, eu não sei se ela realmente disse isso, mas bem que poderia!

Fruto Proibido foi a carta de alforria de Rita Lee. Um disco que não pede licença. Que não pede desculpa. Que escancara a porta na base do pontapé. Que tem guitarras, suor, suor e mais guitarras. Que tem ironia, deboche, provocação, desejo, dor, afeto e liberdade, mas, principalmente, tem CORAGEM!!


🎸 Tutti Frutti: mais que banda de apoio, era banda de ataque

Rita se cerca de uma galera da pesada: Luiz Carlini (guitarra), Lee Marcucci (baixo), Franklin Paolillo (bateria). Juntos, eles formam a banda Tutti Frutti — uma mistura de virtuose roqueira com pegada de garagem.

E aqui vale uma ênfase: o som do Fruto Proibido é sujo e direto, mas também sofisticado e inventivo. Mérito da produção (Andy Mills) e dos arranjos cheios de personalidade.



🎤 Assista à nossa live comemorativa com Luiz Carlini!

Na nossa conversa, Carlini conta bastidores da gravação, fala da relação com Rita, do impacto do disco e do que ainda permanece vivo 50 anos depois.


🧩 Fruto Proibido: o disco que mordeu a maçã antes de todo mundo

Se você nasceu depois dos anos 80, talvez nem imagine o quanto esse disco foi revolucionário. Mas basta ouvir com atenção e ler o contexto pra entender. Fruto Proibido foi a revolução feminina do rock brasileiro. Um disco que não teve medo de peitar macho, desafiar autoridade e rir da própria tragédia.

E sabe qual é a mágica? Ele continua atual. Porque Rita Lee continua atual. Porque Rita é eterna. Porque o que ela cantou em 1975 ainda ecoa hoje.



Considerações Finais – Por que esse disco importa (ainda)

Falar de Fruto Proibido não é apenas revisitar um álbum. É mergulhar num grito, num gesto ousado, num momento em que a arte servia de escudo e espada num país amordaçado. Em 1975, sob a rigidez cinzenta da ditadura militar, o disco chegou como um tapa com luva de veludo e batom vermelho no conservadorismo da época. E fez isso sem perder a ternura nem a ironia.

Enquanto o Brasil vivia dias duros, Rita Lee dançava no fio da navalha, armada com sua guitarra, sua voz debochada e sua personalidade escancaradamente livre. Fruto Proibido é o fruto mordido por quem não aceita ordens. É uma maçã suculenta oferecida a quem topa pensar diferente.

A estética do disco é crua, mas elegante. Rock’n’roll de garagem com cara de sala de estar, riffs marcantes, bateria seca, baixo pulsante. A guitarra de Luiz Carlini não apenas acompanha Rita, ela caminha com ela, como uma extensão elétrica de sua rebeldia. A banda Tutti Frutti tem pegada, tem suingue, tem identidade. E Rita… Rita canta como quem ri da caretice do mundo.

Não é só a sonoridade. As letras de Rita, Paulo Coelho, Lee Marcucci e companhia são farpas fincadas na hipocrisia. “Esse Tal de Roque Enrow” é mais do que uma ode ao gênero, é uma ironia contra os que o desdenham. “Agora Só Falta Você” transforma abandono em libertação. “Ovelha Negra” é um hino geracional. Um abraço coletivo em todos que se sentem deslocados, diferentes, fora da curva.

O Brasil ainda precisa de discos como esse. Ousados. Diretos. Poéticos sem serem pedantes. Pop sem perder profundidade. Políticos sem panfleto. Fruto Proibido não envelheceu porque sua essência é atemporal: questionar o mundo e se afirmar em meio ao caos. E, convenhamos, Rita Lee fez isso com um sorriso no rosto, um olhar afiado e uma irreverência que nunca passou recibo.

Com esse disco, Rita deixou definitivamente o rótulo de “ex-Mutante” e se tornou a maior figura feminina do rock brasileiro. Não só pela música, mas pela atitude. Pela estética. Pelo comportamento. Pela coragem de ser mulher, artista e independente numa época em que isso era um risco real. Ela não apenas cantava diferente. Ela era diferente. E isso fez toda a diferença.

Cinquenta anos depois, Fruto Proibido ainda é um convite à liberdade. Ainda incomoda os moralistas. Ainda acolhe os que se sentem fora do sistema. É arte que pulsa, que provoca, que inspira. E é por isso que merece ser celebrado, redescoberto e defendido. Sempre.

Num mundo que tenta nos colocar em caixinhas, Rita Lee jogou a caixa fora. E nos ensinou a fazer o mesmo com guitarra, com batom, com ousadia e com arte.


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Sal

Jornalista, blogueiro, letrista, já fui cantor em uma banda de rock, fotógrafo, fã de música, quadrinhos e cinema...

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